A Orquestra do Distrito de Braga celebra durante o ano de 2022 o seu 30º aniversário e, no âmbito dessa celebração, está a preparar um conjunto de atividades que pretende partilhar com a comunidade, em especial nos catorze concelhos do distrito de Braga.
Após um período de algum apagamento, particularmente nestes últimos dois anos por causa da pandemia, a nova equipa dirigente pretende reativar a atividade, apresentando uma orquestra e um coro compostos por músicos preferencialmente jovens, com elevados níveis de formação e performance, recuperando o espírito fundador para afirmar o projeto como a referência artística do nosso distrito.
Assim, para o ano de 2022, propomo-nos cumprir os seguintes objetivos:
- Constituição e afirmação da orquestra e do coro;
- Concretização de um plano artístico ambicioso de comemoração dos 30 anos, com as seguintes orientações:
- Realização de concertos em todos os concelhos do distrito de Braga;
- Alargamento da área geográfica de influência, para além do distrito de Braga, procurando novos públicos e novas salas de espetáculos;
- Organização de alguns concertos específicos evocativos dos 30 anos;
- Alteração dos estatutos, adaptando-os à realidade dos tempos atuais;
- Criação da incubadora artística para alojar novos projetos de jovens músicos;
- Lançamento das bases que permitam assegurar a sustentabilidade económica e financeira da associação a médio e longo prazo.
- Recuperação e registo da história da instituição, para memória futura.
A nossa prioridade para o primeiro trimestre terá como foco todas as pessoas falecidas durante o período da pandemia, a quem queremos dedicar os momentos que não pudemos dedicar por causa das restrições impostas pelas autoridades de saúde quando os seus corpos desceram à terra.
Assim, estamos a preparar um concerto que contará com a Orquestra e o Coro do Distrito de Braga, apresentando um repertório especialmente pensado para este contexto da homenagem que
queremos fazer, do qual destacamos o “Requiem” de Gabriel Fauré, compositor francês nascido em 1845 e falecido em 1924.
A restante programação está em fase de preparação em conjunto com outras entidades públicas e privadas e será publicada oportunamente, tendo sempre como cenário a celebração do 30º aniversário, afirmando a nossa história que queremos realçar e honrar, aproveitando ao mesmo tempo para criar as condições que nos permitam iniciar um novo ciclo no qual depositamos muitas expetativas e ambições, iniciando um processo de reafirmação da Orquestra, do Coro, e dos projetos alojados na incubadora artística.
Orquestra de Câmara do Distrito de Braga
A nossa história
Nos idos anos noventa do século passado, não havendo na região de Braga uma oferta consistente na área da música clássica, o Maestro António Baptista, professor das Classes de Orquestra e Coro da então designada Escola C+S Calouste Gulbenkian de Braga materializou um projeto sonhado, contando inicialmente com a colaboração de alguns professores da escola nomeadamente Paula Peixoto, José Camarinha, Paulo Peixoto, Filipe Silva, Ana Maria Rodrigues e outros músicos convidados oriundos de outros locais e orquestras e ainda de um pequeno grupo de alunos da escola, como Paulo Arruda, Delfim Peixoto e outros que foram integrando o projeto que designaram como “Orquestra de Câmara do Distrito de Braga”.
A Orquestra foi criada para responder às necessidades fundamentais da cultura musical do distrito, visíveis através da inexistência de concertos sinfónicos regulares, concertos didáticos para jovens, récitas de ópera, opereta e bailado, pretendendo ainda criar oportunidades de trabalho para os jovens músicos saídos dos conservatórios e escolas existentes na região.
Na sua fundação, a Orquestra de Câmara do Distrito de Braga assumia uma vocação itinerante para o Distrito de Braga, correspondendo, para o efeito, às solicitações locais, com o objetivo de formar novos públicos e dar-lhes a conhecer o melhor do repertório nacional e internacional.
A aventura começou com a realização do primeiro concerto em março de 1991, no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, então designada Escola C+S Calouste Gulbenkian de Braga, tendo sido apresentada a “Segunda Glória”, de A. Vivaldi, em que foram intervenientes o coro de alunos e a orquestra constituída por alguns professores da escola e outros músicos convidados pelo
maestro António Baptista que, sem qualquer remuneração, ajudaram a criar as bases para a criação da orquestra.
Estava dado o primeiro passo para a constituição da Orquestra de Câmara do Distrito de Braga e este concerto veio a ser repetido na Sé Catedral de Braga, meses depois.
Em 18 de Maio de 1991, a convite da Drª Teresa Almeida D’Eça, e já com o nome que lhe é devido, a Orquestra de Câmara do Distrito de Braga apresenta no Museu dos Biscainhos um concerto para jovens, assinalado com êxito segundo a crítica dos presentes.
Em 13 de Dezembro de 1991, a orquestra fez a sua apresentação formal, embora ainda a título experimental, com um novo concerto realizado no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, demonstrando a todos quantos encheram aquele espaço que o projeto merecia ser apoiado por todas as personalidades de Braga e pelos artistas, professores e jovens que se dedicavam à música.
Em abril de 1992, na Sé Catedral de Braga realiza mais um concerto coral sinfónico com a obra “Requiem” de MOZART, em que a Orquestra atuou com os coros do Conservatório e o Orfeão de Braga. Este Concerto teve o patrocínio e a organização do Cabido da Sé de Braga, na pessoa do Sr. Cónego Melo, ilustre apoiante deste projeto e membro da Comissão Instaladora da Orquestra.
Poucos dias depois, o mesmo concerto foi repetido com grande êxito na Igreja de S. João da Foz no Porto, integrada nas celebrações em homenagem à Drª Madalena Azeredo Perdigão por altura da passagem do primeiro aniversário do seu falecimento.
Em maio de 1992 realizou um concerto no Colégio de S. Caetano, aquando da visita de Sua Excelência o Sr. Ministro do Emprego e da Segurança Social às cerimónias do encerramento dos 200 anos daquela instituição.
Em 6 de Novembro de 1992, é feita a Escritura Pública do Estatuto da Associação designada “Orquestra de Câmara do Distrito de Barga”, no 1º Cartório Notarial de Braga, tendo a mesma sido assinada pelos seguintes fundadores: Eduardo de Melo Peixoto, Maria Teresa Cristelo Almeida d’Eça, António de Sousa Baptista, Maria Odete Gonçalves de Macedo Vieira, Rosa Maria Fernandes Torres, António Vieira Peixoto, José Pereira Guerra e Alberto Manuel Pereira Machado.
Em 11 de Novembro de 1992, realiza-se a primeira reunião da direção, que aprovou a programação da orquestra para 1993, bem como a forma de angariar patrocínios para a programação em causa e realizou-se o primeiro concerto após a constituição legal da orquestra, realizado no auditório do
Conservatório de Braga, tendo como solista o trompista António Costa, que executou o Concerto de Mozart para Trompa e Orquestra.
No dia 18 de dezembro de 1992, a orquestra realiza o Concerto de Natal apresentando a obra “Magnificat” de J. S. Bach, na Sé de Braga, patrocinado pela Associação Industrial do Minho.
Em 15 de janeiro de 1993, a Câmara Municipal de Braga patrocina o Concerto apresentado no Teatro Circo de Braga.
No dia 22 de janeiro de 1993 realiza, novamente, um Concerto Coral Sinfónico, com a obra ” Requiem ” de Mozart, na Sé Arquiepiscopal de Braga, patrocinado pelo Banco Comercial de Macau por ocasião da abertura deste Banco em Braga.
Em 19 de Fevereiro a Orquestra apresenta no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, um concerto para os seus sócios, sendo solistas jovens músicos alunos da Escola.
No dia 2 de Abril de 1993, na Sé Catedral de Braga, com o patrocínio da Empresa de Construções J. Gomes, a Orquestra e o Coro apresentam a obra “O Messias” de G. F. Haendel e no dia 26 de Junho de 1993, no mesmo local, com o patrocínio do Cabido Metropolitano e “Amigos da Catedral”, a Orquestra, jovens Solistas e o Coro apresentam-se em novo concerto coral sinfónico, interpretando obras de Carlos Seixas, António Vivaldi, Henry Purcell e G.F.Haendel.
No dia 2 de outubro de 1993, novo concerto coral sinfónico, com o apoio de amigos e do Cabido Primacial, na Sé Catedral de Braga, com obras de Haendel, Bach, Vitória, Vivaldi e Crassini.
No seguimento da sua atividade, em 4 e 18 de dezembro de 1993, e de novo com o apoio da Catedral, realizaram-se concertos corais sinfónicos, interpretando obras de vários autores.
No decurso de 1994, já foram executados oito concertos, dos quais se destacam os 3 realizados na Sé Catedral, na Semana Santa, e que constituíram um assinalável êxito.
Destacou-se neste ano de 1994 a apresentação do “Te Deum” de Marcos Portugal. Esta obra estava num arquivo da Sé Catedral e foi encontrada numa pesquisa que o Sr. Cónego Melo tinha solicitado ao Maestro António Baptista no sentido de identificar partituras de música coral e instrumental para serem interpretadas. De acordo com anotações existentes na partitura, esta obra sacra tinha sido executada pela segunda e última vez em 1884 e agora, com muito trabalho e dedicação, foi apresentada em Braga, no dia 8 de novembro de 1994, na Sé Catedral e depois no Colégio de S. Caetano nas cerimónias de abertura das Comemorações dos 100 anos da presença dos Salesianos em Portugal. A Sociedade Salesiana, em carta de 10/11/94, enviada à Direção da Orquestra, afirma: Temos
a honra de sublinhar que o Conselho Provincial, em sua sessão de hoje, exarou em acta um voto de louvor pela magnífica actuação tanto do Coro e Orquestra como dos Solistas, sob a regência do Maestro António Baptista, que muito contribuíram para a elevação e solenidade de todo o Acto Litúrgico.
Na continuação dos trabalhos deste 4º trimestre de 94, a Orquestra realizou o concerto de Santa Cecília, na Sé Catedral, em 19/12/94, e dois Concertos Didáticos nas Escolas Secundárias de Sá de Miranda e D. Maria II, em Braga, em 26 de novembro e 3 de dezembro, respetivamente. No dia 10 de dezembro a orquestra e o coral deslocaram-se ao Porto para solenizar mais um ato das comemorações Salesianas (homenagem ao Superior Geral) e no dia 17 de dezembro de 1994, teve lugar, na Sé Catedral, o já tradicional Concerto de Natal.
Com um subsídio da Secretaria de estado da Cultura, foi organizado um ciclo de concertos para piano e orquestra, realizados no Conservatório Calouste Gulbenkian de Braga, tendo como concertistas Edgar Sales, Maria Augusta e a aluna Isabel Rodrigues e um ano depois, tocaram ainda a solo com a orquestra as pianistas Ana Paula Carreira, Sofia Lourenço e Luisa Tender.
Em 2007 tocou a solo com a orquestra, a prestigiada pianista brasileira Lícia Lucas que em 2009 voltaria a Portugal, atuando com a orquestra num concerto organizado pelo Rotary Club Braga Norte realizado no Pavilhão de Exposições de Braga.
Nos dias 7 e 14 de maio de 2011, nas igrejas de S. Victor, em Braga e na igreja do convento de Arouca, respetivamente, realizou concertos corais sinfónicos, juntando o Coro de Pais do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga e o Grupo Coral de Urrô, Arouca sob o lema: intercâmbio para a celebração da vida das instituições envolvidas, tendo sido feito registo vídeo dos dois concertos.
Estamos a desenvolver esforços no sentido de completar o registo da vida da orquestra e do coro até aos nossos dias, até porque sabemos que a orquestra realizou muitos outros concertos com o Coro de Pais do Conservatório de Música Calouste Gulnenkian de Braga, com quem tem atuado regularmente desde o início do século, tendo atuado também em outras ocasiões com o Grupo Coral de Urrô, Arouca, com o Coro Polifónico de S. Victor, Braga e com o Coro Polifónico de Pedroso, Vila Nova de Gaia.
Temos neste momento algumas informações de concertos que carecem de confirmação das datas como, por exemplo: Terras de Bouro, com a obra “Vesperas Solenes do Confessor”, de W. A. Mozart, em 1996 ou 1997, ciclo de concertos com o patrocínio da Câmara Municipal de Braga designados “Concertos d’Arcada” ou “Noites de Música d’Arcada”, concerto inserido nas comemorações do Dia
Internacional da Mulher, com a presença do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, concerto realizado no varandim exterior da Sé Catedral com metais e tímpanos, possivelmente no dia 10 de junho de 1994 e o concerto realizado no Theatro Circo com o pianista bracarense Luis Pipa em conjunto
com a orquestra dos alunos para celebrar um aniversário do Conservatório de Braga e uma digressão à Venezuela em 2009.
De acordo com os testemunhos de várias pessoas envolvidas e, principalmente, do Maestro António Baptista, que esteve sempre ao leme da orquestra, é publico que a atividade se manteve até aos nossos dias, com maior ou menor regularidade, aproveitando as oportunidades que foram surgindo, mas sofrendo também as vicissitudes que o país foi enfrentando, com especial relevo no período da Covid-19, em que a atividade esteve completamente suspensa.
Assim, continuaremos a desenvolver esforços no sentido de se proceder à recolha e registo da atividade desenvolvida e ainda não classificada, para escrevermos a história o mais completa possível.
Maestros que dirigiram a orquestra: António Baptista, Adailton Pupia (Brasil), David Rahn (Venezuela), Florin Totan (Roménia), German Cáceres (El Salvador), Paul Phillips (EUA).
Solistas cantores que atuaram com a orquestra: Ana Rute Rei, Ana Vieira Leite, António Salgado, Claudia Nelson, Cristina Gonçalves, David Moreira, Elsa Saque, Fernando Serafim, Inês Sofia, Isabel Guerra, Isabel Maya, Joana Teixeira, João Gonçalves, José Carlos Miranda, José de Oliveira Lopes, Lenabel Carvalho, Liliana Coelho, Liliana Nogueira, Luis Giron May (Guatmala), Manuela Castãnne, Margarida Reis, Maria José Ribeiro, Mariana Dalot, Mário Anacleto, Paula Dória, Paulo Ferreira, Paulo Lameiro, Pedro Teles, Valter Mateus.
Solistas instrumentistas que atuaram com a orquestra:
- Clarinetistas: Carlos Jorge Ferreira, Óscar Vilhena.
- Flautistas: Luis Sousa.
- Pianistas: Ana Paula Carreira, Edgar Sales, Lícia Lucas (Brasil), Luisa Tender, Luis Pipa, Sofia Lourenço.
- Trompetistas: Helder Fernandes, José Alves Macedo, Paulo Silva.
- Trompistas: Abel Pereira, António Costa.
Ao longo destes 30 anos, a orquestra realizou concertos em Braga, Palmeira, Adaúfe, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Barcelos, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Terras de Bouro, Caldelas, Prado, Gondomar, Porto, Esmoriz, S. João da Madeira, Carvalhos, Sandim, Arouca. Em 2009, a convite da Embaixada de Portugal em Caracas, realizou uma digressão pela Venezuela com um ensamble de cordas e um solista, onde realizou diversos concertos.
Com este olhar para o passado estamos a preparar o futuro, com nova imagem, novos estatutos, novos projetos e um nome mais consentâneo com a atualidade. Este é o momento de honrarmos a Orquestra de Câmara do Distrito de Braga, alterando a sua designação para Orquestra do Distrito de Braga, que assumirá todo o património genético criado a partir de 5 de novembro de 1992. A escritura de alteração dos estatutos está a ser preparada para se realizar brevemente.